terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Oliveira

Das terras alentejanas o perfume seco da última árvore anciã fez-se perceber,

Perfume ocre dos solos que ergueram o império desta árvore,

testemunha do tempo.

Levantou seus troncos no barro seco extraindo o essencial,

Doou a vida toda.

Deu-nos frutos de poucos sabores,

Árvore espírito,

A terra cobrou seu retorno,

que fez involuir a amplitude voltando ao horizontal, ao reto.

A sustentação foi ficando insuportável.


Gratidão pelo acolhimento em seu lar de sombrosas copas,

que deixaram-me crescer livre demandando sempre mais,

Obrigado por me ensinar a firmeza do doar e a a leveza do sonhar...a realizar.

dessas terras lusitanas o fado começou a tocar mais alto,

lastimando a queda dessa quase centenária estrutura

oceanos divididos,

Do teu barco vieram esperanças; ascendência de teus pais navegantes,

seu tronco envergou,

seu apego foi tamanho.

Filha da resistência e de sofrimentos calados.

Segue teu rumo, ó grande árvore.

Que de tuas sementes brotaram florestas.


segunda-feira, 27 de maio de 2013

MOLDURA DO ACOLHIMENTO

COMO NAVEGA O BARCO MAREADO

EM CINZENTAS NUVENS DE MESMAS TARDES

BALANÇA NO HOSTIL OCEANO TURMALINA

QUE COSPE SUA COR ARREGAÇANDO OS MASTROS

DILACERADOS FICAM OS VENTOS


QUE BUSCAM UM VAZIO DE ACOLHIMENTO

E TRAZEM CONSIGO ELEMENTOS DISTANTES

DE TERRAS QUAISQUER

NIDIFICANDO SUA REVOLTA NA PROA DA EMBARCAÇÃO

VENTOS QUE EXIGEM MOLDURAS

NADA MAIS QUE UM SUPORTE SEGURO

PERÍMETRO DE REVOLTAS

 E ASSIM SEGUE  O BARCO MAREADO

CONTEMPLANDO  A SUA CONDIÇÃO


quinta-feira, 11 de abril de 2013

sem presságios

o tempo líquido esvaiu-se por entre dedos infames e famintos,
carcomidos pela ânsia jovial,
pequenas prensas naturais,
que  me mostram a ampulheta que não diz mais nada agora.
Todos se foram.
nada mais ficou
o âmago do corpo oco, que acolheu dandoss forma,
dando lar,
soltou seu véu em vários firmamentos,
todo em lá menor,
silêncio pálido que se forma entre as vestes ao léo,
do rubro fim de tarde. Frio e escarlate.
não restam mais abraços;

Buscada solidão indigesta,
retiraram os talheres
sobrou o ato,
degluto





quarta-feira, 20 de março de 2013

pastos do sul

cultivei toda minha idade em terras encharcadas,
cultura de prantos, cultura do pranto,
não brotava nada,
o caminhar neste tempo era tenso quase úmido. Quase com medo de escorregar a qualquer hora,
quase,
agonizava mas que não morria,
rasgava mas que não deixava cair,

assim aprendi a compreender meu pés,
linguagem dos passos,
deles ouvi histórias de conquistas e outras de lamentações,
registraram todas minhas fraquezas corporais,
meus calejares,
meus escorregares,
então olhei para baixo desapegando de minha sentinela vaidade,

a insalubridade do terreno acolheu meu peso,
não escolheu, só o acomodou ofertando seus próprios moldes,
ganhando formato deixando seu perfumado rastro gelado,





segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Estremece o fardo de trigo recém beneficiado
aguardando o tempo cultivar seus amarelos tons do sol
em ritos antigos que ecoam o tempo dos sibilares primaveris
existia alguém responsável pelo colher e que não estava mais lá
sua presença ainda era percebida pelo respingos de proximidade do manto quente do existir
que atropelou o tempo presente consolidando assim o risco, o rastro, o rasgado!

O limite então foi decretado comensalmente como conecto
mesmo ciente da não garantia da dimensão de sua faculdade inteligível!

Seu telescópio virou-se pra terra deixando de lado os mistérios dos céus
duelando com  cada gole da cachaça sulfúrica que aniquilava o segundo
tornando a liberdade, mesmo que efemera, possível ludicamente
mas deixando tenso o instante gélido entre o estar e o estado,



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

relato de um deriva(do)

.....tum tum tum tum tum tum......

meu coração não se cansa de mostrar-me com seu som e seu pulsar que ele segue vivo, está lá.....

a todo instante, a todo segundo.

isto não é coisa pouca,

viver na plasticidade do encontrar recheado de significados..sem garantias....sem controlares...

desperto-me à elucidação dos sentidos transmitidos por queridas almas...

finquei meu ancorar neste sonhar concreto...alcancemos juntos nosso continente.

aceitemos o natural de uma nova rechegada,

tum tum tum tum tum tum.....

..que bom que está aqui....

reapresento-me ao seu tocar, 

permito-me ao estar

tum ...tum...tum.....

mesmo na existência efêmera de uma possível eternidade

retorno a ilusão do primeiro aspirar do meu nascimento...

ffffffffffffffffffffffffffffffuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

como banhar-se em banhos gelados

gelados lá dos rios do una

....

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


Tive a oportunidade do entrar,
Pedi licença ao espaço, respeitar o acolher,
Significar o sentido do lugar,
Experiências do limite tênue entre o estar e o estado,
O balanço e o balançar,
O vento e o soprar,
Portal do germinar –sementes... florescer sonhares...
Que se convida, que se esconde, que se abre,
Como em contos e lendas,
Como na quentura do asfalto,
Um mundo novo se construiu, com seus mistérios, seus encantamentos e significados,
Momentos do registro do primeiro contato, assim como  fez o homem ao pisar na Lua ou então ao encontrar as Índias,
Um pouco com medo, um pouco excitado.
Gigante com a imensidão das possibilidades
Particular em todas as suas unidades,
Vontade então de escrever palavras marcas
Marcas de peso, de tinta no papel, 
fir. mares simbólicos
De poéticas de encontrares