terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Oliveira

Das terras alentejanas o perfume seco da última árvore anciã fez-se perceber,

Perfume ocre dos solos que ergueram o império desta árvore,

testemunha do tempo.

Levantou seus troncos no barro seco extraindo o essencial,

Doou a vida toda.

Deu-nos frutos de poucos sabores,

Árvore espírito,

A terra cobrou seu retorno,

que fez involuir a amplitude voltando ao horizontal, ao reto.

A sustentação foi ficando insuportável.


Gratidão pelo acolhimento em seu lar de sombrosas copas,

que deixaram-me crescer livre demandando sempre mais,

Obrigado por me ensinar a firmeza do doar e a a leveza do sonhar...a realizar.

dessas terras lusitanas o fado começou a tocar mais alto,

lastimando a queda dessa quase centenária estrutura

oceanos divididos,

Do teu barco vieram esperanças; ascendência de teus pais navegantes,

seu tronco envergou,

seu apego foi tamanho.

Filha da resistência e de sofrimentos calados.

Segue teu rumo, ó grande árvore.

Que de tuas sementes brotaram florestas.


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